Crítica: A Bela e a Fera (2017)

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9/1065/1006,1/1072%Indisponível.
Números obtidos do IMDb e do Rotten Tomatoes em 14.3.2017.

Como a canção em português diz: “Sentimentos vêm/Para nos trazer/Novas sensações/Doces emoções/E um novo prazer”. E foi exatamente isto que esta nova versão de A Bela e a Fera da Disney me proporcionou. Os elementos da animação estavam presentes, mas vários novos foram adicionados, o que faz com que os espectadores sintam como se estivessem assistindo a uma nova história.

Com 45 minutos a mais do que o desenho de 1991, A Bela e a Fera explora o passado dos protagonistas, bem como inclui novas personagens e 3 novas canções, compostas por Alan Menken (também responsável pela trilha sonora da animação) e por Tim Rice.

A animação é um dos meus filmes favoritos até hoje e a notícia de um filme me deixou ansiosa. Foi, portanto, um alívio ver que não havia motivo para preocupação.

Um trunfo desta versão, na minha opinião, foi esclarecer um pouco mais o início da história. Algumas coisas sempre me incomodaram na animação: como o povoado não sabe da existência do castelo? Como o feitiço duraria até o príncipe completar 21 anos se na música “À Vontade” falam que estão há 10 anos sem servir ninguém? O príncipe tinha 11 anos, então? Para minha felicidade, o filme esclarece todas estas dúvidas!

Neste filme, Bela (Emma Watson) continua sendo a “moça estranha” do povoado, mas ela é inventora, tal como o pai, e também ensina meninas a ler. Isto, por si só, já mostra que a Disney quis que sua protagonista fosse mais forte e independente do que antes. Seu pai Maurice (Kevin Kline) não é tão maluco assim e ainda sofre pela perda da mãe da Bela. Ao contrário do desenho, porém, ele não se torna prisioneiro da Fera por se aproveitar da hospitalidade do castelo, mas sim por roubar uma flor do jardim.

A Fera (Dan Stevens) ganha uma música própria (linda, por sinal) e os objetos do castelo também têm seu momento para desabafar sobre suas vidas e sobre o motivo de o príncipe ser arrogante e egoísta, tal como vimos no início do filme.

Talvez a melhor interação entre personagens no filme seja entre Gaston (Luke Evans) e LeFou (Josh Gad). A relação dos dois é explorada melhor aqui e os atores estão simplesmente perfeitos nos papéis. Gaston consegue ser uma pessoa pior aqui do que no desenho, com atos e intenções mais cruéis. LeFou, porém, está um pouco mudado no filme, o que só beneficia a história.

Os efeitos especiais estão ótimos e transmitem ao público a sensação de que, de fato, o castelo é mágico. O diretor Bill Condon contou em entrevistas como foi difícil o processo de decisão de como os objetos do castelo seriam mostrados nesse live-action (muita gente reclamou da aparência da Madame Samovar, por exemplo – ou Sra. Potts, como tem sido a tradução mais recente). Deve-se levar em consideração que com animação a liberdade criativa para colocar rostos em objetos é muito maior do que em live-action!

Igualmente difícil é a confecção da Fera, totalmente computadorizada. Dan Stevens também contou em entrevistas recentes que teve que filmar todas as cenas duas vezes: a primeira vez com a “roupa” da Fera e a segunda vez com as câmeras presas ao seu rosto para capturar os movimentos faciais.

A melhor parte do filme, porém, continua sendo a trilha sonora. As canções originais permanecem, mas vários versos foram alterados. Segundo Alan Menken, alguns deles estavam na primeira versão da animação, mas foram descartados depois. Mais um motivo para gostar desta nova roupagem: temos a oportunidade de ver as letras originais (especialmente algumas frases ditas por LeFou na “Canção da Multidão”!).

Além disso, as músicas instrumentais continuam tão fortes quanto antes – os temas da abertura e do momento de transformação da Fera ao final do filmes são capazes de trazer sentimentos e lembranças a qualquer um que tenha visto a animação quando criança.

A Bela e a Fera é um filme tão rico de detalhes, tanto visuais quanto de roteiro, que seria impossível abordar tudo em uma crítica. Reduzi-lo a uma “refilmagem” seria uma injustiça e desmereceria o importante papel que a história tem, especialmente nos dias atuais em que julgar os outros pelas aparências e posições sociais voltou à moda.

É, portanto, um filme diferente do original, que não o estraga em momento algum. Aos que temem assistir a este filme por acharem que não fará jus à animação: não temam! Aproveitem esta versão mais moderna e lembrem que a animação continua lá, intacta e (quase) perfeita!

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