Crítica: Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)

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8,5/1099/1007,9/1098%86%
Números obtidos do IMDb e do Rotten Tomatoes em 20.2.2017.

Há filmes cujos protagonistas estão ativamente em busca de um objetivo, de modo que as ações narradas contribuem para que ele seja alcançado (ou não). Há outros, porém, em que não há uma história específica ou um ato singular que dê movimento à trama. Ao contrário, o foco da narrativa é apenas acompanhar a vida cotidiana de pessoas comuns e mostrar que todos compartilham dos mesmos problemas e angústias, ainda que expressos de maneiras distintas. Há dois filmes deste tipo indicados ao Oscar de Melhor Filme neste ano: Um Limite Entre Nós e Moonlight: Sob a Luz do Luar.

Apesar de ambos serem adaptações (o primeiro de uma peça e o segundo de um livro), as duas histórias têm em comum o foco na realidade das famílias negras dos EUA, ainda que em épocas e lugares diferentes.

Moonlight é um filme do estilo chamado “coming of age”, no qual a plateia acompanha a vida de uma pessoa da infância até a maioridade. Um dos filmes famosos mais recentes deste tipo é Boyhood: Da infância à juventude. No entanto, Moonlight fala sobre a vida de um menino completamente diferente da retratada em Boyhood.

O filme é dividido em três partes. Na primeira, conhecemos Chiron quando criança, interpretado por Alex Hibbert. Ele é uma criança extremamente solitária e triste, que vive com a mãe viciada em crack (Naomi Harris, indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante). Chiron conhece Juan (Mahershala Ali, indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante), um traficante de drogas que se torna uma espécie de pai, acolhendo-o sempre que possível. Uma das cenas mais impactantes do filme é justamente a que Chiron percebe a ironia de ser amigo de alguém que vende substâncias que tornaram sua mãe uma dependente química.

Na segunda parte, Chiron, já adolescente (interpretado por Ashton Sanders), continua sem amigos e seu sofrimento na escola aumenta, apanhando dos colegas e sendo xingado constantemente. Já na terceira e última parte, Chiron já é um adulto (interpretado por Trevante Rhodes), mas ainda sofre com seu passado.

Durante todo o filme, Chiron é calado e introspectivo, e a plateia se sensibiliza com seu olhar, sempre transmitindo a sensação de que deseja ser amado por alguém. Qualquer tipo de afeto lhe é suficiente, razão pela qual fica tão próximo a Juan quando criança, já que sua mãe é completamente ausente.

O ritmo da história é um pouco mais lento do que filmes atuais, mas não chega a prejudicar o andamento da trama. A ideia de dividi-lo em três partes faz com que cada segmento tenha um tamanho adequado.

O elenco inteiro consegue comover o público, especialmente Alex Hibbert e Naomi Harris, que tem sua melhor atuação até agora.

Dirigido por Barry Jenkins, responsável também pela adaptação do roteiro, Moonlight é importante justamente por captar a angústia de um menino reprimido, buscando o auto-conhecimento e tentando entender sua sexualidade e de como esta repressão tem consequências para toda a vida.

Indicado a oito categorias no Oscar, sendo duas para Barry Jenkins (direção e roteiro adaptado), Moonlight não precisa nem ganhar os prêmios para se consagrar na história do cinema.

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