Crítica: Glass Onion – Um Mistério Knives Out

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Números obtidos do IMDb e do Rotten Tomatoes em 15.11.2022.

O que as pessoas extremamente ricas estavam fazendo durante os primeiros meses da pandemia da COVID-19? Não seria exagero especular que eles provavelmente não estavam seguindo os protocolos e que encontravam uma maneira de se divertir. E é isso que Rian Johnson imagina em Glass Onion: Um Mistério Knives Out.

Como o nome sugere, é uma continuação do filme de 2019, que apresentou ao mundo Benoit Blanc (Daniel Craig), um famoso detetive com forte sotaque do sul dos EUA. Em Entre Facas e Segredos (Knives Out), Benoit Blanc estava investigando a morte de um patriarca rico e o filme tinha um forte comentário social. Desta vez, porém, a trama e os suspeitos mudam completamente, com o retorno apenas do detetive, como acontecia com Sherlock Holmes ou Hercule Poirot.

Em Glass Onion, o público é convidado, juntamente com o detetive Blanc, a uma festa de mistério (as chamadas “murder mystery parties”) em uma ilha privativa do bilionário da tecnologia Miles Bron (Edward Norton). O tema principal é a disrupção: quem a causa e com que intenção. Miles afirma que todos os seus convidados são disruptores e desafiam o sistema, e é por isso que eles são bem-sucedidos.

Não é nem preciso dizer que a festa muda de rumo e o detetive Blanc deve solucionar o mistério de um assassinato verídico.

O primeiro Knives Out foi indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original, mas o roteiro de Glass Onion é muito superior e mais rico. A trama é mais complexa, e todas as personagens são mais interessantes, com diálogos mais afiados. Além disso, há o uso inteligente do termo “glass onion” (em português, “cebola de vidro”) tanto literal quanto figurativamente (como na música dos Beatles).

A atuação de Daniel Craig também é melhor em Glass Onion, já que ele parece ter desenvolvido mais a personagem. O restante do elenco, os chamados “disruptores”, são Kate Hudson, Dave Bautista, Kathryn Hahn, Leslie Odom Jr. e Janelle Monáe, que tem mais oportunidades de expandir sua atuação. Madelyn Cline e Jessica Henwick completam o elenco, e suas personagens vão à ilha acompanhando outros convidados.

A trilha sonora extravagante de Nathan Johnson torna o filme ainda mais divertido de assistir. O figurino é outro destaque, com principalmente a roupa que Benoit Blanc usa na piscina.

Por fim, as várias aparições surpresas de outros famosos apenas enriquecem toda a experiência e provam que vê-lo nos cinemas é muito mais divertido, pois todos têm a mesma reação simultaneamente. Infelizmente, o filme irá diretamente para a Netflix no Brasil no dia 23 de dezembro.

Rian Johnson, que escreveu e dirigiu os dois filmes e já está contratado para um terceiro, pode ser considerado um disruptor. Ele pegou o gênero de mistério de assassinato e o tomou para si, com tantas mudanças na estrutura da narrativa que é quase impossível descobrir as reviravoltas que acontecem na história.

Só podemos esperar que ele volte para o terceiro filme com a mesma animação com que escreveu Glass Onion. É uma delícia de assistir.

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