Crítica da Broadway: Company (2021)

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Por algum motivo, certas idades tendem a despertar diferentes sentimentos e nos fazem repensar sobre nossas vidas. Geralmente são aquelas idades consideradas marcos, como 18, 30, 40 e assim por diante. Chegar aos 35 anos também tem esse efeito em muitas pessoas, o que pode ser visto em vários exemplos na cultura popular.

Em Sex and the City, por exemplo, há um episódio inteiro dedicado ao 35o aniversário da Carrie (Sarah Jessica Parker). Sua amiga Samantha (Kim Cattrall) tenta animá-la dizendo “Você tem que agarrar o 35 e dizer:‘ Ei, mundo, tenho 35!’’’.

Essa idade também é um dos principais temas de Company, que atualmente está cartaz na Broadway. Nele, Bobbie (Katrina Lenk) é surpreendida por um grupo de amigos em seu aniversário de 35 anos. O problema: eles são todos casais e ela é a única pessoa solteira. Sem saber o que desejar quando ela está prestes a soprar as velas, o musical nos leva mostra os relacionamentos destes cinco casais, assim como de três outros homens solteiros que Bobbie tem visto.

Contada como histórias separadas, cada um dos casais mostra a Bobbie como é a vida de casado, sem se esquivar das coisas ruins. É quase como Cenas de um Casamento da HBO, mas bem menos dramático. À medida que o público navega pelas histórias com Bobbie, vemos que ela continua relutante em se comprometer e se relacionar, mas aos poucos começa a mudar de ideia.

Company estreou pela primeira vez na Broadway em 1970 e já foi reencenado várias vezes desde então. É a primeira vez, porém, que o protagonista é interpretado por uma mulher. Até agora, o personagem principal era Robert (ou Bobby), um solteirão convicto. No entanto, Stephen Sondheim (que faleceu recentemente), responsável pela música e letras, estava sempre aberto para mudar e adaptar seus musicais. Ele fez isso não apenas com Bobbie, mas também com um dos casais que agora é um casal gay.

Os cenários são muito eficazes, com mudanças rápidas e o uso inteligente da palavra “Company” como um adereço de fundo. As cores neon também dão uma sensação de história contemporânea.

O elenco é excelente no geral, com Patti LuPone roubando a cena como Joanne, amiga de Bobbie que se casou três vezes e tem uma música incrível chamada “Ladies Who Lunch” (ela foi aplaudida de pé logo após essa música na sessão que vi).

Katrina Lenk faz um bom trabalho como Bobbie, mas não alcançou todas as notas em algumas das canções, especialmente se você ouvir a gravação do elenco do West End da produção em 2018, com Rosalie Craig interpretando esse papel em Londres.

O destaque do show é “Being Alive”, uma música que mostra como Bobbie se sente sobre o casamento depois de ouvir o testemunho de todos os seus amigos. Só isso já valeria o preço do ingresso. Felizmente, todo o show vale a pena.

Informações: https://companymusical.com/

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