Crítica: The Good Wife (7a Temporada)

AVISO: NÃO LEIA ESTE POST SE VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU À SÉTIMA TEMPORADA DE “THE GOOD WIFE”.

Um tapa na cara. Não foi apenas Alicia (Julianna Margulies) a estapeada ao final de The Good Wife. Eu também fui. Aliás, muitos outros fãs das série também se sentiram assim. O casal de criadores Michelle e Robert King justificaram a cena final do episódio como um momento transformador na vida da protagonista, como se fosse um tapa para despertá-la, fazendo analogia ao tapa em que deu em seu marido Peter (Chris Noth) no primeiro episódio. Descreveram esses dois momentos como “despertadores”, que fizeram Alicia acordar para a realidade: no primeiro episódio, teria percebido como o marido realmente era; já neste último, o tapa seria para que ela percebesse que se tornou exatamente igual a ele.

O tapa que eu senti também serviu para me acordar da ilusão que eu tinha de que esta série teria um final feliz. Dias depois do término, me conformo um pouco mais, mas ainda não concordo com a escolha feita pelos roteiristas. No entanto, antes de me alongar sobre isso, deixo registrado que, na minha opinião (como diria uma juíza da série), The Good Wife foi um dos melhores seriados que já vi e vai fazer falta. Dito isso, vamos a um breve resumo da temporada.

Alicia começou o ano trabalhando sozinha, com casos pequenos, e logo se juntou à Lucca (Cush Jumbo). Contrataram o investigador Jason Crouse (Jeffrey Dean Morgan), que se tornou o amante de Alicia. Várias histórias paralelas ocorreram durante estes meses, inclusive uma fracassada campanha presidencial de Peter.

O real problema teve início na segunda metade da temporada, quando anunciaram que esta seria a temporada final ao mesmo tempo em que Peter passava a ser alvo de nova investigação criminal. Eu não conseguia muito bem imaginar qual seria o desfecho da história, porque parecia que ainda havia muito a acontecer. Diane Lockhart (Christine Baranski) foi a advogada de Peter no processo e estava indo bem, até que pediu a seu marido, o perito em balística Kurt McVeigh (Gary Cole), que alterasse um pouco a verdade para favorecer Peter. Uma série de acontecimentos fez com que Kurt voltasse a ser questionado no último episódio e ele teria que se desmentir. Como seu depoimento era desfavorável a Peter, Alicia pediu a Lucca, que estava ajudando Diane no caso, a perguntar, na frente de todos, a ele se ele teve um caso com outra perita, Holly Westfall (Megan Hilty). E foi aí que Alicia selou seu final solitário.

Peter conseguiu não ser preso mas teve que renunciar ao cargo de governador em uma entrevista coletiva. E lá estava Alicia, ao seu lado, assim como no início. No entanto, ela pensa ver Jason a esperando em uma porta. Quando ele desaparece, ela o segue e deixa Peter estendendo a mão sozinho. Já no corredor, sem encontrar Jason, aparece Diane. E aí vem o tapa. Da ex-amiga. Da ex-sócia. Ex-tudo. Porque agora ela não quer mais nada com Alicia. Ela se recompõe do tapa, e começa a andar. Qual seu futuro? Não sabemos! Mas provavelmente ficará sozinha: seus dois filhos estão na faculdade, Jason desapareceu, Diane a detesta e ela já havia pedido o divórcio a Peter.

A única coisa que lhe restou foi a memória de Will Gardner (Josh Charles), que apareceu na imaginação de Alicia neste episódio. Como fã, foi o melhor momento da temporada, já que eles tiveram um “final”, mesmo que em pensamento. O restante, porém, me decepcionou. Admito que a ideia de terminar uma série de sucesso assim é admirável, já que é um grande risco. Mas, realmente, desejava mais… Desejava ver a Alicia feliz. Acabei ficando com raiva dela, justamente pelo que fez à Diane.

Como mencionei antes, os criadores disseram que Alicia passou de “vítima” a “algoz”. De fato, é nítida sua transformação ao longo da série, especialmente depois da 5a temporada, quando deixou o escritório com Cary (Matt Czuchry) e, principalmente, com a morte de Will. Ela ficou mais dura nas suas ações e segura de si mesma, sem se importar muito com os outros. Mas esses “outros” não eram tão próximos e nem haviam sido atingidos em sua vida pessoal como Diane foi. Por isso, achei uma transformação mais abrupta do que os criadores desejavam. Diferentemente de Breaking Bad, por exemplo, em que eu parei de torcer pelo Walter White no meio da série, eu ainda torcia por Alicia. Por isso fiquei triste e com raiva do final. E, por isso, me senti um pouco estapeada também.

 

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