Crítica: The Handmaid’s Tale (2a Temporada)

Handmaid's Tale Poster

ATENÇÃO: ESTE POST CONTÉM SPOILERS

É oficial: não consigo mais assistir a The Handmaid’s Tale à noite, tamanha a perturbação que essa série causa. Outras séries também tratam de temas pesados, com cenas de violência e tragédias, mas nenhuma chega ao nível amedrontador desta. Por que, então, continuo assistindo?

Provavelmente porque a história é simplesmente tão intrigante que me deixa extremamente curiosa. Sem contar que despertou em mim algo que não acontecia há muito tempo vendo séries: eu torço pelas personagens. Quando comecei a assistir à séries americanas, torcer por personagens era mais comum, já que era mais claro quem eram os “heróis” e os “vilões”. Atualmente, porém, com a ascensão de histórias de anti-heróis, fica mais difícil ter empatia genuína por muitos dos protagonistas (como já mencionei ao falar de The Americans).

Offred/June (Elizabeth Moss), a heroína de The Handmaid’s Tale, está longe de ser uma pessoa perfeita, mas é impossível não torcer para que ela consiga reencontrar sua filha e sair de Gilead. O mesmo acontece com Emily (Alexis Bledel): sua personagem sofre tanto nesta temporada, de tantas maneiras diferentes, que quando ela ataca Tia Lydia (Ann Dowd), eu não a julguei – pelo contrário, achei libertador.

E quanto sofrimento nesta temporada! Desde “colônias”, algo semelhante a campos de concentração no qual mulheres dissidentes são escravizadas a trabalho forçado, em condições degradantes, até a execução pública de um casal de jovens por afogamento. Sem contar os intermináveis estupros, tapas, mutilações, etc.

É verdade que alguns episódios foram um pouco mais lentos do que outros, já que a temporada foi mais longa que a anterior e não é mais baseada em um livro (não há um segundo volume do livro escrito por Margaret Atwood). E essa diferença de fontes é visível, com a história às vezes se perdendo um pouco nas tramas paralelas, mas acaba voltando ao eixo no final da temporada.

O elenco, no entanto, continua tão formidável quanto antes, com Elizabeth Moss provando, mais uma vez, que é uma excelente atriz. Atenção especial deve ser dada ao episódio 11 (“Holly”), no qual ela aparece sozinha na maior parte do tempo e se vê obrigada a dar à luz sozinha numa mansão abandonada. A cena do parto mexe com qualquer mulher, independente de ser mãe ou não.

Indicada a 20 prêmios Emmy, cuja cerimônia será em setembro, The Handmaid’s Tale já foi renovada para uma terceira temporada, provando que não sou a única pessoa que não consegue parar de acompanhar a jornada dessas mulheres nessa realidade tão dura e dolorosa.

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